Bebida alcoólica precisa de adequação

Os especialistas em comércio exterior costumam dizer que qualquer empresa pode exportar. Para isso basta que ela seja devidamente acompanhada e orientada. Na semana passada, foi lançado pela Secex, no Recife, o programa Primeira Exportação, que visa incentivar os pequenos e médios grupos a adentrar neste mercado, com toda assistência necessária. Ainda assim, as queixas existem e muitas vezes estão presentes nas deficiências reconhecidas pelo próprio meio empresarial. Talvez o setor de bebidas alcoólicas seja o que mais sofra para vender fora do país, devido ao número de adequações que precisam ser feitas no produto.

As alterações demandam novos custos para a empresa. Os rótulos precisam conter informações adicionais e, geralmente, em língua inglesa. Outra adequação está ligada ao vidro, como, mesmo sem exportar, já vivenciou a Cachaça Sanhaçu, fabricante de cachaça orgânica, a primeira certificada do Estado. Para apresentar o produto no último Encontro de Comércio Exterior (Encomex), no Centro de Convenções, em Olinda, uma garrafa diferente teve que ser adotada. É exigido que ela seja transparente para que o líquido possa ser visualizado.

“Como só temos dois anos de existência, o mercado local ainda está absorvendo a marca. Existe o objetivo de vender para fora. Participamos pela segunda vez do Encomex e faremos parte do programa Primeira Exportação. As maiores dificuldades são o vidro, o fato de ser bebida alcoólica e a quantidade. Enquanto o mercado exterior fala em milhões de litros, nós falamos em milhares”

aponta a gerente Comercial da Cachaça Sanhaçu, Elk Barreto Silva. A cachaçaria produz cerca de 20 mil litros por ano e 85% do consumo fica em Pernambuco. O restante segue principalmente para Alagoas, Rio de Janeiro e Amazonas.

De acordo com a gerente da unidade de Comércio Exterior da Agência de Desenvolvimento Econômica de pernambuco (Ad Diper), Ivone Malaquias, as empresas menores, que não têm produção suficiente para exportar, devem procurar se associar a outros grupos.

“O cooperativismo está sendo aplicado no mundo todo. Elas podem fazer um consórcio para exportação. É possível que uma empresa tenha um produto específico e que possa entrar em um mercado pequeno, que tenha espaço para ele. Qualquer item pode ser exportado. Tem que pesquisar onde, como e quem compra. É o dever de casa”, analisa.

Reportagem: Augusto Leite – Folha de Pernambuco – domingo, 18 de julho de 2010

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