Cadeia produtiva da Cachaça – Parte 2

CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR

A cachaça é mais um entre muitos outros derivados da cana de açúcar, na intenção de entender melhor todo o processo destacamos alguns aspectos dão cultivo da cana-de-açúcar.

2.1 Aspectos Gerais
A matéria-prima para a fabricação da cachaça é a cana-de-açúcar, fator primordial na qualidade do produto e produtividade de uma fábrica de aguardente. O produtor deve escolher as variedades que melhor se adaptem ao solo, período de safra e clima de sua região, levando em conta as características de produtividade, riqueza em açúcar e facilidade de fermentação. É uma gramínea originária da Ásia. Hoje, os maiores produtores são Brasil, Índia, Cuba, México e China. A cana-de-açúcar é cultivada em todos os Estados brasileiros, mas é no Estado de São Paulo que se concentra a maioria das lavouras dessa cultura.

2.2 Clima
A diversidade de climas determina períodos de plantio e colheita distintos para as diversas regiões. Em São Paulo, de modo geral, planta-se de outubro a março e colhe-se de maio a outubro. A cana-de-açúcar adapta-se a uma ampla faixa de clima. Em início de desenvolvimento vegetativo necessita de períodos alternados de intensa umidade e temperaturas elevadas. Somente quando cessa seu crescimento vegetativo é que o teor de açúcar começa a se elevar, fato que ocorre quando a temperatura abaixa e diminui a disponibilidade de água.

2.3 Solo
Para a formação dos canaviais são preferíveis os solos localizados nas baixadas, planos, profundos, porosos e férteis. É preciso fazer a análise e a correção do solo quando isso for necessário. A preparação do terreno é um dos suportes básicos para um bom rendimento da cultura de cana. O emprego da mecanização em todas as fases de operação agroindustrial vem sendo intensificado, embora a atividade açucareira seja das que dificilmente prescindirão de mão de obra.

2.4 Plantio
A cana-de-açúcar desenvolve-se melhor se o terreno estiver limpo. Por isso, é importante fazer capinas regularmente. As plantas invasoras prejudicam a cultura da cana, pois competem com ela na retirada dos nutrientes do solo. A cobertura morta também traz benefícios para a cana-de-açúcar: age contra as altas temperaturas e os ventos, que ressecam os terrenos. Além disso, protege o solo contra a erosão. No Nordeste a irrigação é importante para que o canavial se desenvolva bem. A cana-de-açúcar é exigente quanto à umidade: ela precisa de 1 500 mm de chuvas anuais.

2.5 Pragas e Doenças
O controle de doenças da cana-de-açúcar se dá, principalmente, através de trabalhos de melhoramentos genético, para se obter variedades resistentes ou tolerantes. Esse trabalho exige continuidade, pois os agentes causadores das doenças podem produzir novas raças capazes de vencer a resistência.

2.6 Adubação
Antes de fazer a adubação, é necessário analisar o solo para saber quais suas características e os elementos carentes. Não existe receita exata, mas algumas experiências demonstraram que a cana-de-açúcar é muito exigente em elementos minerais. As plantas necessitam de carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, zinco, cobre, ferro, manganês, boro, vanádio e cloro. Desses, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os mais importantes, mas é preciso prestar atenção aos micronutrientes: embora em pequenas quantidades eles são necessários. A matéria orgânica do solo pode ser considerada como importante fator da produtividade agrícola, pela influência que exerce sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Em Ponte Nova (MG), estudos dos efeitos da adubação orgânica (esterco de curral) e mineral efetuada por ocasião do plantio, na produção de cana (planta e soca), concluíram que, individualmente, as duas adubações resultaram na mesma eficiência, mas que, quando aplicadas em conjunto, houve melhor resposta na produção.

2.7 Colheita
Apesar de destinada a facilitar a colheita da cana-de-açúcar, a prática de queimar os canaviais é um fator prejudicial à qualidade da cachaça. Tal conduta acelera a deterioração da cana, ainda no campo, pela inversão mais rápida da sacarose em glicose e frutose. Além disso, acarreta o acúmulo de cinzas nas dornas de fermentação, interferindo negativamente no processo fermentativo. No que se refere ao paladar da cachaça, identifica-se com certa facilidade o gosto de queimado, que deprecia a qualidade do produto.
O transporte da cana deve ser realizado simultaneamente ou logo após o corte.
Em seguida, a cana é empilhada em depósito próprio, na área de moagem. O local deve ser coberto, de maneira a proteger contra sol e chuva; e fresco, para evitar perda de água por transpiração. O armazenamento da cana além de 24 horas e em locais inadequados provoca perdas no teor de açúcar por respiração e transpiração. Na fabricação de aguardente artesanal não é recomendável o aproveitamento da ponta da cana, que favorece a diluição do calor e o torna mais rico em proteínas. Nesse caso são necessárias lavagens frequentes da sala de fermentação para se evitar o desenvolvimento de infecções.

2.8 De Poluente à Adubo
Quando jogada nos rios, a vinhaça ou vinhoto, um subproduto altamente poluente da indústria do álcool, rouba o oxigênio da água. Como a quantidade de vinhaça produzida é muito grande, ela se constitui em problema para muitos usineiros, que são proibidos de jogá-la nos rios. Costuma-se dizer que ela mata os rios. Mas a vinhaça pode substituir com vantagem os adubos potássicos para as culturas de milho, soja, citros, café e da própria cana. E sem nenhum custo, a não ser o transporte. Mas a aplicação deve ser feita de forma correta e ordenada, pois do contrário pode provocar danos irreparáveis, segundo os técnicos do Instituto de Campinas, que pesquisam a vinhaça desde 1979. Um engenheiro pernambucano, Luís Cláudio Gonçalves de Melo, descobriu outra forma de usar o vinhoto como adubo orgânico: jogado numa lagoa artificial, evapora-se a água formando-se uma crosta rica em nitrogênio. Como a base dos fertilizantes para a cana são nitrogênio, cálcio e fósforo, Melo comprou esses dois últimos elementos, que misturou com a crosta de vinhoto, numa betoneira comum, obtendo um excelente adubo.

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