Cadeia Produtiva da Cachaça – Parte 6

6 ANÁLISE DO MERCADO (SWOT)

6.1 OPORTUNIDADES
Forças positivas localizadas no ambiente que envolvem a cadeia produtiva, direta ou indiretamente, interagindo ou influindo em sua atividade de alguma forma, que precisam ser identificadas e aproveitadas.
As oportunidades que se abrem para a cachaça de qualidade tem muito a ver com a superação do preconceito histórico contra a bebida, desde os tempos em que Portugal, para manter o mercado da colônia para a bagaceira, proibia a produção e o consumo e impunha pesados tributos.
Hoje, a realidade é que a cachaça ganhou status de destilado de categoria. A mídia, de uma maneira geral, tem se repetido na divulgação das tradições, do peso econômico e das enormes chances da cachaça no mercado mundial.

6.2 AMEAÇAS

AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES
· Setor totalmente aberto a novas empresas e experiências;
· As principais barreiras de entrada são facilmente quebradas.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES
· Fornecedores não participam da integração para frente;
· Produtos com baixo conteúdo tecnológico e não padronizados;
· Produtos caros.

RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES
· Rivalidade assume a forma corriqueira de concorrência de preço, em razão de um produto indiferenciado e tradicional;
· Numerosos concorrentes, desarticulados e sem estratégias diferenciadas.

PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS COMPRADORES
· Barganham por preço e qualidade;
· Raramente fiéis a marcas;
· Não facilitam a divulgação do produto;
· Preferem oferecer outros destilados de maior margem.

AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS
· A cachaça sofre a concorrência de vários outros destilados;
· Não existem ações coletivas de sustentação de posição;

6.3 FORÇAS

Vantagens inerentes à cadeia produtiva que favorecem a administração das oportunidades e das ameaças. A principal força da cachaça é a tradição. O espírito conservador do povo brasileiro e seu apego à tradição facilitaram que se mantivesse, mesmo escondida na clandestinidade, a atividade de produção de cachaça de alambique em volume que lhe confere a liderança nacional. A cachaça brasileira e um patrimônio incalculável, como o são a lingüiça, o pão-dequeijo, os queijos, os doces, o tutu à mineira e tantos outros produtos do agroartesanato.
O programa de pesquisas e desenvolvimento arquitetado pelo SEBRAE (1993), motivou universidades e centros tecnológicos. Os trabalhos desenvolvidos pelas universidades fazem com que o país adquira um invejável banco de conhecimentos em cachaça de alambique.
Outra atividade no setor de cachaça de alambique é a Feira Nacional da Cachaça, realizada anualmente em Belo Horizonte, reunindo produtores de todo o Brasil. Além do valor emblemático, a Feira tem cumprido o importante papel de troca de informações, promoção de negócios e de colocação no mercado de produto de excelente qualidade e cuidadosa apresentação.

6.4 FRAQUEZAS

Desvantagens estruturais da cadeia produtiva, possíveis de serem controladas, que desfavorecem as oportunidades e fortalecem as ameaças.
A tradição consolida a força da cachaça no mercado brasileiro. Todavia, debita-se à tradição uma boa parte das fraquezas do setor: a resistência às mudanças, pela grande maioria dos produtores, e uma acentuada insensibilidade dos que, conhecendo as oportunidades e as ameaças, hesitam em levar à frente decisões sem irrefutáveis.
A clandestinidade da produção, constitui a parcela dominante da atividade – mais de 85% dos alambiques. Operando na sombra, os alambiques estão expostos às penas da fiscalização, que podem resultar em fechamento de estabelecimentos, e na perda de oportunidades oferecidas pelos mercados interno e externo. A clandestinidade também é um fator que dificulta a associação e a organização da produção. O maior estímulo à clandestinidade vem dos órgãos federais que fiscalizam o setor de cachaça, através do Ministério da Agricultura. Como resiste em regulamentar o Decreto nº 2.314 (ANEXO A), na parte da produção artesanal e caseira de bebidas, e não têm as mínimas condições – pessoal, verbas orçamentárias, apoio social – de fechar os estabelecimentos clandestinos, o governo federal, de um lado cruza os braços para uma responsabilidade que também é sua – promover o desenvolvimento sócio-econômico de setores excluídos – e, de outro, favorece as grandes indústrias de caninha industrial, restringindo a concorrência de cooperativas de cachaça, que podem vir a ser grandes produtores e exportadores.
A deficiência na coordenação da cadeia e a falta do elemento articulador são causas às quais se pode atribuir o fraco desempenho das indústrias de apoio, no que tange ao desenvolvimento e padronização de equipamentos e materiais de embalagem. No setor de destiladores (alambiques de cobre) ainda não se tem um equipamento referencial, o que também acontece com o setor de dornas e moendas. Com isso, proliferam equipamentos dos mais diferentes formatos, capacidade e desempenho. Pode-se atribuir, também, à desarticulação do setor, a falta de linhas oficiais de crédito para investimentos em modernização industrial e, principalmente, capital de giro para o envelhecimento da cachaça, principal item da cadeia de agregação de valor.

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